Brasil segue na frente da Europa na regulamentação de transgênicos

Eles estão nos alimentos que compramos no supermercado, nos remédios e vacinas que previnem de graves doenças e até no combustível dos veículos que usamos como meios de transporte. Embora estejam presentes no cotidiano dos brasileiros, os organismos geneticamente modificados (OGM), seus benefícios e aplicações ainda são desconhecidos por grande parte da população. E quando trata-se do uso dos produtos geneticamente modificados na produção agrícola, mais conhecidos como transgênicos, a falta de informações científicas sobre o tema corrobora para aumentar o receio da população, às vezes desnecessário, sobre os possíveis riscos que estes produtos oferecem à saúde e ao meio ambiente.
Para Adriana Brondani, o país possui um sistema regulatório de OGMs exigente e sólido: "O nosso desafio é mostrar ao cidadão que ele está consumindo um produto seguro. Antes de chegar às prateleiras, uma série de estudos e testes foram realizados. O Brasil possui vários centros de excelência em pesquisa na área de biotecnologia, além de um sistema regulatório bastante exigente e sólido", afirmou a diretora-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), Adriana Brondani. O CIB é uma organização não-governamental que tem como objetivo promover a divulgação de informações científicas sobre biossegurança, biotecnologia e seus benefícios. Para comemorar os 10 anos da entidade, o CIB promoveu, nessa segunda-feira (3), na cidade de São Paulo, um seminário que contou com a participação de pesquisadores brasileiros e internacionais. Os palestrantes falaram sobre as principais culturas transgênicas desenvolvidas no mundo. Com base nos depoimentos apresentados, percebe-se que o Brasil está à frente em muitos aspectos se comparado com os países europeus, principalmente em relação ao processo de regulamentação e aprovação dos transgênicos.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial de transgênicos, atrás apenas dos Estados Unidos. Segundo o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações
Biotecnológicas Agrícolas (ISAAA, em inglês), o país plantou 25,4 milhões de hectares com transgênicos na temporada 2010/11. Para a próxima safra, estima-se que a área chegará a 30,4 milhões de hectares. Entre os produtos mais cultivados estão a soja, o milho e o algodão.
A aprovação dos transgênicos no Brasil é de responsabilidade, desde 2005, da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CNTBio). Trata-se de uma instância colegiada, ligada ao Ministério da Ciência e Tecnologia, formada por cientistas e especialistas na área. "Temos uma regulamentação segura e responsável", afirmou Adriana Brondani. A Europa apesar de ser pioneira em pesquisas na área de biotecnologia, cujos primeiros registros de organismos geneticamente modificados datam de 1983, na Bélgica, a Europa possui um sistema regulamentatório complexo, onde os aspectos políticos prevalecem em relação ao científico. “As pessoas contrárias ao cultivo dos transgênicos exercem uma forte pressão no governo, que prefere não contrariar a população. As proibições dos transgênicos muitas vezes são ilegais porque o governo não consegue comprovar cientificamente que os produtos são nocivos à saúde e ao meio ambiente”, afirmou a pesquisadora da Universidade de Gent, na Bélgica, Sylvia Burssens. Segundo ela, os países mais resistentes aos transgênicos são aqueles que não cultivam o produtos. "Na Espanha, República Checa e Romênia, onde existem plantações de transgênicos, a população é menos resistente", disse. Sylvia Burssens ressaltou ainda que os europeus sentem dificuldade em enxergar os benefícios dos transgênicos, já que não sofrem com a falta de alimentos. "Vejo como solução para esse impasse a aproximação da comunidade científica da população. É importante que exista transparência nessa comunicação para que todas as dúvidas em relação aos transgênicos sejam esclarecidas. Até hoje, não há nenhuma evidência científica associando os OGMs a maiores riscos para o meio ambiente ou para a alimentação", finalizou. Os que são contra os transgênicos, como a organização Greenpeace, alegam que um organismo geneticamente modificado, se liberado no meio ambiente, pode
crescer, multiplicar-se, sofrer modificações e interagir com toda a biodiversidade. Outra justificativa é que os transgênicos tornam a agricultura refém de poucas empresas que detêm a tecnologia.










* A repórter viajou a convite do Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB)





Referencia Bibliográfica:
http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/ciencia-e-vida/noticia/2011/10/04/brasil-segue-na-frente-da-europa-na-regulamentacao-de-transgenicos-301577.php

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