Gestantes com doença falciforme terão aconselhamento genético em Minas Gerais.

A partir deste mês, gestantes acompanhadas pelo projeto Aninha - iniciativa do Centro de Educação e Apoio para Hemoglobinopatias (Cehmob) que acompanha e estuda a gravidez na doença falciforme - terão novo apoio para uma vida reprodutiva saudável e para o planejamento familiar. Em parceria com o Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad) da Faculdade de Medicina e o Serviço Especial de Genética do Hospital das Clínicas, ambos da UFMG, o projeto passará a oferecer a essas gestantes e seus familiares o aconselhamento genético, ferramenta importante para a decisão do casal em relação a gravidezes futuras.
De acordo com a médica Milza Cintra, supervisora técnica do Cehmob-MG, e com o pediatra e geneticista Marcos Burle Aguiar, coordenador do Serviço Especial de Genética do Hospital das Clínicas da UFMG, a ideia partiu da identificação, por parte dos profissionais que lidam com a doença, das dificuldades de algumas gestantes em entender melhor o risco da doença e da gestação nesse contexto, e as chances de os filhos terem a condição. “Sentimos a necessidade de incluirmos o aconselhamento genético nos cuidados às grávidas com doença falciforme, pois muitas têm dúvidas sobre o assunto, e podem querer engravidar novamente”, destacou a médica.
Um dos objetivos de oferecer as orientações genéticas para essas gestantes, segundo os especialistas, é, também, utilizar o projeto Aninha como ponto de partida para alcançar, com qualidade, outras pessoas para quem essas informações possam ser importantes. “Ao invés de começar oferecendo aconselhamento genético para todos - o que seria impossível, pela grande quantidade de pessoas com o traço falciforme -, utilizaremos esse projeto piloto para termos um conhecimento melhor sobre quais são as necessidades e maiores preocupações das pessoas com anemia falciforme na área de genética”, explicou o geneticista. “A partir desse conhecimento, buscaremos ampliar o atendimento para outras pessoas com anemia falciforme - essencialmente adolescentes e outras pessoas em idade reprodutiva -, e formar recursos humanos para transmitir a informação genética de maneira mais adequada”.
Multidisciplinar O médico destaca que o aconselhamento genético será oferecido a partir da identificação das pacientes com maior necessidade - mães que desejam uma segunda gravidez, por exemplo -, mas levando em consideração o desejo de cada uma delas. E, nesse contexto, é importante a abordagem da equipe multidisciplinar do Centro de Educação e Apoio Social do Nupad (Ceaps), que atende essas gestantes e outras pessoas com doença falciforme. De acordo com a coordenadora do Ceaps, a psicóloga Isabel Spínola Castro, a equipe de psicologia e serviço social do Centro será responsável por identificar e encaminhar essas mulheres para o aconselhamento genético.
“O papel da equipe não vai alterar muito, porque as ‘Aninhas’, assim como outras pessoas com doença falciforme, já passam pela psicologia e serviço social. Porém, agora, temos ajuda de um profissional preparado para dar a informação genética de forma criteriosa para as grávidas, que sempre nos relatavam dúvidas em relação às chances de seu bebê ter a doença”, explicou a psicóloga. “Esses profissionais vão resolver essas dúvidas, informando e orientando, e a psicologia tratará das questões subjetivas, das inquietações e preocupações da gestante, sem interferir nas decisões de planejamento familiar da paciente”, concluiu.
Anemia Segundo definição fornecida pela Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Ministério da Saúde, a anemia falciforme se caracteriza pela "alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, daí o nome falciforme". Ainda de acordo com a BVS, essas células têm sua membrana alterada e rompem-se mais facilmente, causando anemia.
A anemia falciforme tem maior ocorrência entre a população da cor negra. "No Brasil, representam cerca de 8% dos negros, mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país, pode ser observada também em pessoas de cor branca ou parda", esclarece o serviço do Ministério.
(Com Assessoria de Comunicação do Nupad)


http://www.ufmg.br/online/arquivos/016134.shtml

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