Claro que, em sendo a saúde um assunto tão delicado, é sempre preciso ser prudente. Mas, no que depender dos resultados de um tratamento realizado por especialistas da Unidade de Terapia Regenerativa Tissular do Centro Médico Teknon, em Barcelona, na Espanha, os dias da hérnia de disco, este mal que atazana a vida de milhões de pessoas, podem estar contados.
E tudo graças a uma tecnologia que envolve a aplicação, no núcleo nervoso dos discos vertebrais afetados (localizados entre as vértebras da parte inferior da coluna), de células-tronco retiradas da medula óssea do próprio paciente.
É mais um passo dado pelos defensores do emprego medicinal dascélulas madre de forma ética e responsável sem que, desta vez, entusiastas da ideia possam ser vítimas de ataques religiosos e políticos.
A dor sumiu
Segundo reportagem do jornal catalão El Periódico, entre 2007 e 2011, sob o comando dos doutores Lluís Orozco e Robert Soler – e com aprovação e supervisão da agência responsável espanhola -, os médicos do Teknon testaram o método.
O grupo de voluntários era formado por 40 pessoas de meia idade, predominantemente do sexo feminino, que reclamavam de insistentes lombalgias (o nome científico para a onipresente “dor nas costas”) causadas pelo desgaste dos discos.
O resultado foi dos mais animadores: cerca de 90% dos pacientes deixou de sentir qualquer dor, embora metade só pudesse comemorar o alívio total apenas um ano depois do tratamento. Tal sucesso fez com que a experiência fosse relatada na edição de outubro da revista científica publicada pela Transplantation Society, dos EUA.
Detalhes do novo método
O método tradicional de tratamento de hérnia de disco envolve o esvaziamento da zona nervosa afetada e a colocação de uma peça cuja função é fazer com que o movimento das vértebras adjacentes volte a funcionar.
Na técnica usada por Orozco, Soler e equipe as células medulares são extraídas com a ajuda de uma seringa e cultivadas durante 23 dias – para isso foram enviadas ao Instituto de Biologia Molecular de Valladolid – até que se clonem 20 milhões de unidades celulares em perfeito estado.
Três meses após a aplicação, alguns pacientes já não sentiam dor; um ano depois, seus discos desgastados estavam regenerados. Ainda de acordo com o diário, algumas empresas participaram do financiamento dos tratamentos.
Orozco e Soler pesquisam o uso de células-tronco adultas extraídas de e aplicadas nos próprios pacientes desde 2000. Ao longo dos anos, já obtiveram êxito, graças às células, em procedimentos como a reconstituição de cartilagens articulares destruída por artrose, e trataram 130 pessoas.
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